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Quantas vezes, quando criança, eu escutei: “O gato comeu a língua dessa menina?”.

Foto: Acervo pessoal Juliana Ladeira

Meu pai nunca foi uma pessoa de muitas palavras, e é bem provável que eu tenha herdado minha timidez dele.
Não, eu nunca fui tagarela. Preferia observar as pessoas, os lugares, o que estava acontecendo à minha volta.

Ele foi o primeiro fotógrafo que eu conheci, quem documentou as lembranças que guardo da minha infância: os momentos em família, as viagens, a minha primeira festa de aniversário.

Ao revisitar essa lembrança, me lembrei: da casa onde nasci, do pequeno jardim e do balanço de vime no canto da varanda que nos embalava carinhosamente no final da tarde.

Esse é o poder da fotografia de família, nos lembrar da nossa história, de pequenos momentos vividos que nos remetam ao quentinho do colo de mãe e ao abraço apertado do pai.

Agradeço ao gato que comeu minha língua, mas que me permitiu enxergar o mundo com outros olhos por meio da fotografia.

E se o gato ainda não “comeu” sua língua, conta pra mim, o que você herdou dos seus pais e que de alguma forma contribuiu para sua formação de forma positiva?

Ju Ladeira