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por Rúbia Lira
O carnaval tem um poder mágico de transformar, e em 2025, vivi isso na pele. Sempre amei essa festa, mas até pouco tempo atrás, nunca tinha tocado um instrumento. Em 2024, tomei coragem e entrei para o Bloco Tropicalize, um dos blocos mais vibrantes de Belo Horizonte. Foi assim que me tornei ritmista e descobri um novo jeito de sentir o carnaval: dentro da bateria.
As baterias dos blocos de Belo Horizonte seguem a tradição do samba e da percussão afro-brasileira, mas cada uma tem seu estilo único.
Estar na bateria de um bloco de carnaval é muito mais do que tocar um instrumento. É sentir o ritmo pulsar no peito, se conectar com dezenas de outras pessoas pelo som e perceber que, juntas, criamos algo poderoso. Toquei Caixa de Guerra, um dos instrumentos responsáveis por marcar a cadência do bloco, e foi um desafio enorme. A rotina de ensaios, a disciplina rítmica e a sinergia entre os músicos são fundamentais para que o desfile seja perfeito.
Com cerca de 240 integrantes, a bateria do Tropicalize é um espetáculo à parte: colorida, potente e cheia de energia. Mais do que um grupo musical, é uma comunidade vibrante que se prepara intensamente durante o ano para fazer o carnaval acontecer.
Criado em 2023 por um grupo de amigos de Formiga (MG), o Bloco Tropicalize surgiu com a proposta de levar para as ruas um repertório especial focado nos clássicos dos artistas tropicalistas. Desde então, se tornou um dos blocos mais esperados do Carnaval de Belo Horizonte, trazendo um show musical marcado por arranjos elaborados e pela participação direta da bateria nas mudanças de dinâmica das músicas.
O repertório passeia pelos sucessos de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Rita Lee, Jorge Benjor, Chico Science, Lô Borges e Toninho Horta, criando uma atmosfera nostálgica e cheia de identidade. Além da música, o bloco tem um forte compromisso social e político, reforçando a importância de ocupar as ruas com alegria, resistência e representatividade.
No dia do desfile, o coração batia mais forte do que qualquer tambor. A multidão, as cores, os sorrisos e o sol brilhando faziam a energia vibrar no ar. Quando demos a primeira batida, senti um arrepio percorrer meu corpo. Eu não era mais apenas uma espectadora – fazia parte da alma do bloco.
Desfilar pela primeira vez como ritmista foi uma experiência arrebatadora. O cansaço dos ensaios, o nervosismo antes da largada, tudo desapareceu quando começamos a tocar. A avenida se tornou um oceano de gente dançando e cantando junto, impulsionada pelo ritmo que criávamos.
Foi emocionante, intenso e inesquecível. Agora, sei que nunca mais verei o carnaval da mesma forma. E que, com certeza, quero estar de novo na bateria no próximo ano.
Um agradecimento especial ao Victor, meu companheiro de vida, que esteve ao meu lado em toda essa jornada. Ele me apoiou em cada ensaio, me incentivou e ainda registrou tudo com suas fotos, para que essa experiência ficasse eternizada.
Que venha o Carnaval de 2026!
