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Mães de Coração – História #2

Categoria: Ensaio de Família

Conheça aqui história #2 de uma mãe de coração:

“Sou dessas mulheres que nasceu para ser mãe.

Desde sempre eu sonhava com filhoS (com S maiúsculo para frisar que seriam muitos). Desde que me entendo por gente já tinha os nomes de pelo menos um menino e uma menina definidos.

Como minha mãe sempre trabalhou muito, fui a figura materna dos meus irmãos mais novos. Na adolescência, fui aquela amiga que era conselheira, a motorista da rodada, a que salvava as amigas das furadas…

Era um instinto latente, pungente, sempre presente…

Mas, como uma pessoa que cresceu sem presença de uma figura paterna, o princípio básico para ter meus filhos é que eles tivessem um bom pai. E eu deveria ter uma condição financeira no mínimo razoável.

Bom… Me formei, me estabilizei financeiramente, e me casei com alguém que tinha tanto desejo em ter filhos quanto eu.

Pronto! Estava pronta para realizar meu sonho da vida inteira! Ser mãe!!!

Um ano depois de parar de tomar anticoncepcional, sem nenhum sinal de gravidez, fomos procurar um especialista em reprodução. Dezenas de exames após, o diagnóstico: Ovários Policísticos combinados com espermatozoides de pouca motilidade. Dois anos de indução de ovulação sem sucesso. E a cada menstruação que chegava, os sentimentos de derrota, de incapacidade, de frustração aumentavam!

Como era possível??? Queríamos tanto ter um filho, tínhamos nos preparado tanto pra isso! Eu, particularmente sentia que minha vida toda tinha sido uma espécie de preparação para ser mãe. Como eu não conseguia engravidar? Tanta gente engravidando sem querer, e eu que queria tanto não conseguia? Como Deus poderia ser tão injusto comigo???

A tristeza e a raiva passaram a ser minhas companheiras constantes durante um tempo. Eu não queria saber histórias de quem engravidou. Não visitava parturientes, nem pegava bebês no colo. Me tornei uma concha. Fechada. Vazia.

Até que, minha médica me recomendou a fertilização in vitro como última alternativa. E justamente naquele momento, o Deus que eu insistia em culpar pelo meu sofrimento me encheu de esclarecimento e esperança com a inspiração:

“Não preciso engravidar pra ser mãe! ”

Ali, naquele consultório eu decidi que não iria mais sofrer. Afinal, ser mãe não tem nada a ver com sofrimento. Ser mãe é um estado de espírito! E como disse o notório Albert Eisten: “Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. ” (Sim, essa frase é dele!) Ali, eu decidi não fazer fertilização in vitro. Eu decidi não chorar a cada ovulação infrutífera. Eu decidi não sofrer ao ver uma barriga de grávida. Eu decidi que essa dor não mais habitaria minha vida.

É claro que se tratava de uma decisão à dois. Já que fiz tanta questão que meus filhos tivessem um pai, ele deveria ser parte presente e atuante nesta decisão.

Então, assim que saímos do consultório perguntei ao meu marido: “Amor, você faz questão da genética?” Ele precisou de um tempo pra entender o que eu estava dizendo. E após detalhar minha epifania sobre não ser necessário engravidar para ser mãe/pai, entramos de cabeça no mundo da adoção.

Fiz um “acordo” com Deus: Eu permaneceria não usando anticoncepcional e nós entraríamos para a fila de adoção. E Ele escolheria a forma de trazer nosso filho.

E assim, 464 (quatrocentos e sessenta e quatro) dias após nossa habilitação, nosso filho chegou.

Meu Deus!!! Como explicar esse sentimento? Como explicar aquele amor em erupção ao olhar aqueles olhinhos enormes? Como explicar que uma parte de mim existia já há cinco meses num lugar que não era no meu colo? Como traduzir em palavras um sentimento que não se explica, que transborda pelos olhos só de me lembrar daquele momento, daquele encontro de almas??? É impossível!

Conheci, (ou reconheci) meu filho aos cinco meses de vida dele. Numa tarde de quarta-feira, após uma visita rápida ao juizado, para receber orientações e conhecer por alto sua história de vida até ali. Meu parto se deu numa sala de espera de um abrigo. A parteira era uma assistente social. Meu filho veio para meus braços e eu não sabia o que eu estava sentindo. Eu nunca tinha sentido aquilo antes. Que emoção era aquela, que doía no peito ao mesmo tempo que acalmava meu coração? Que sentimento era aquele que só me fazia pensar em aconchegar, acalentar e proteger aquele serzinho de 68cm? Como ir embora e deixa-lo ali?

Na conversa que tivemos no juizado, a assistente social que nos acompanhou relatou que ele havia nascido positivado para toxoplasmose. Que deveríamos ir conhece-lo naquele dia e que no dia seguinte, na parte da tarde ele passaria por uma consulta com a infectologista que o acompanhava, e que deveríamos participar da consulta, para sermos informados do prognóstico e só então deveríamos dar uma resposta positiva ou negativa sobre a continuidade do processo de guarda dele.

Eu, que jamais tinha tido qualquer informação ou conhecimento sobre toxoplasmose passei uma noite inteira pesquisando do que se tratava, possíveis sequelas, tratamentos… E num dado momento percebi que em todas as pesquisas, em qualquer probabilidade de sequela o pensamento era em como nos adequar, como nos preparar, como agir em cada possível situação. Nunca, em momento algum houve qualquer dúvida sobre continuar ou não o processo de guarda/adoção. No dia seguinte, na primeira hora, a assistente social recebeu nossa ligação, solicitando a assinatura da guarda. O que causou espanto, pois sequer tínhamos ido ainda à tal consulta. Mas o que ela precisava entender é que não nos importaria o resultado daquela consulta.

Aquele era NOSSO FILHO e ele precisava ir pra casa logo!

Na sexta-feira, dois dias após nosso primeiro encontro, nosso filho estava no lugar em que sempre deveria estar. Na nossa casa. Nos meus inexperientes braços. Enchendo nossos corações de amor! Preenchendo cada canto daquele lar com vida, luz e alegria!

E desde então não existiu um só dia em que não me senti a pessoa mais completa desse mundo! Não houve momento nenhum em que a tristeza tenha conseguido novamente turvar meus dias trazendo suas cores em tons de cinza pro meu mundo. Não existe um dia sequer em que eu não agradeça à Deus por ter sido tão perfeito em Seu julgamento de qual seria a melhor forma de trazer nosso filho.

Eu olho para aquele menino de sorriso fácil e olhos brilhantes e vejo meu reflexo em seus olhos. Eu abraço aquele corpinho magrelo e sinto que em meus braços não cabe a enormidade do amor que compartilhamos. Eu pego aquelas pequenas mãos e transmito todo desejo de vê-las construindo um grande futuro… E, como qualquer mãe, eu tenho medos, angústias, os mesmos pesares, as mesmas culpas e claro, as mesmas surpresas e alegrias.

Não digo que sejam apenas flores e arco íris, porque não é. Maternidade nenhuma o é. Afinal, qual mãe tem plena certeza de estar no caminho certo? Qual mãe não se desespera? Qual mãe não se sente cansada? Qual mãe às vezes não se sente sozinha nesse mar de emoções?

Em suma, minha maternidade em nada se difere da maternidade biológica. Posso até relatar em termos adotivos a gestação, o parto (já fiz um texto sobre isso) e puerpério, mas isso ficará para um próximo texto. Por hoje só posso dizer:

Não importa a forma que chegue um filho. Não importa a genética. Não importa o processo que te leve ao seu filho. Você o reconhecerá. Seja saindo do seu ventre, seja na recepção de um abrigo, seja aonde for… Existe um momento em que você troca olhares e percebe que está olhando no fundo da alma e reconhecendo naquele corpo o filho que Deus confiou a você. E ali, naquele instante, você se descobre mãe.”

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