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Mães de Coração – História #1

Categoria: Ensaio de Família

Conheça aqui história #1 de uma mãe de coração:

“Me chamo, Regina, tenho 59 anos.  Me casei com Carlos, meu marido em 1990 na Igreja de São Pedro, bairro Floresta em Belo Horizonte. Como toda mãe, sempre quis ter a tão sonhada experiência da maternidade, que não trata-se de processo de muitas mudanças e experiências somente no lado físico de nós, mulheres. Além disso, a fase é motivo de imensa alegria à nós, futuras mamães, maridos, e nossas famílias, momento de mudanças físicas no corpo e em nossos sistemas biológicos, muitos aprendizados, certas incertezas, medos, necessidade de entender tudo o que nos cerca nesses nove meses, e nos organizar para receber nosso fruto.

Como sou a filha caçula de meus pais, Margarida e Raimundo, fui a última a subir ao altar, todas minhas irmãs também já haviam passado pelo ciclo materno, mas sem recorrer à adoção. Confesso que quando comecei a pensar em ser mãe, nem eu, nem Carlos, chegamos a pensar em adoção e conhecíamos pouco sobre o tema, quando descobri que estava grávida “estourei o champanhe” (vejam o viés metafórico nessa frase entre aspas, até porque grávida não pode consumir bebida alcoólica na gestação e eu raramente consumi/consumo esse tipo de coisa), foram alguns meses de muita alegria, espalhei pra todo mundo a novidade, eu e meu marido, porém quando fui fazer alguns exames, tive o desprazer de saber que perdi o bebê que estaria por vir, descobri que tinha um certo problema que dificultava o desenvolvimento da criança e a chegada de elementos necessários para uma correta conclusão do período gestante.

Chorei durante semanas, meses, pensava que nunca mais iria ser mãe, Carlos me confortava sempre, dizendo que por certo ponto, nós poderíamos ter recebido com o triste ocorrido, um sinal que algo pior poderia acontecer, caso eu não descobrisse o tal problema que dificultou o fim da gravidez ou talvez não fosse a hora de sermos pais, afinal éramos casados há dois anos e ainda estávamos colocando as coisas em ordem, afinal, a vida à dois requer planejamento. Concordei e tentei apoio familiar e psicológico, com o tempo, as indagações causadas pelo calor dos acontecimentos (tais como “Porque eu não posso ser mãe? Será que Deus existe? Como seguir a vida? Sou uma eterna culpada!…), questões comuns à quem passa por dor tão forte, desapareceram.

Tempos depois, fui saber sobre a técnica da fertilização/inseminação, método de gravidez que começava seus passos. Comecei junto com meu marido a pesquisar sobre, conversamos com familiares e amigos sobre o tema, resolvemos então ir até um local aqui em BH especializado. De início estava muito animada a passar pelo tal processo, mas Carlos me recomendou consultar meu médico antes de dar o “sim”e iniciar o tratamento, assim fiz, ao consultar-me com o médico que já me auxiliara desde minha antiga gestação ele disse que o método da fertilização era sim uma boa oportunidade para que eu pudesse novamente tentar ser mãe, porém a chance de algo não sair como esperado também era grande e muitas vezes se sobrepunha às vantagens, naquela época tal método era recente não só no Brasil mas na comunidade científica em geral, hoje sabemos que as vantagens são maiores para aqueles que tentam. Ele também disse que pela minha idade (36 anos na época) e de meu marido, 6 anos mais velho, algo podia dar errado, mas não disse que não poderíamos assentir ao método. Pensamos muito sobre o que o doutor havia me dito, e analisamos o “orçamento” que obtivemos na clínica especializada na fertilização junto com os argumentos de meu médico.

Decidimos não optar pelo método. Em 2000, conheci Luiz , nos tornamos amigos, conheci sua esposa e logo percebi que haviam certos pontos de tangência entre mim e meu marido e ao casal que Luiz e sua esposa formavam. Certa vez, Carlos e eu, em visita à casa deles, fomos informados pelos mesmos que eles estavam na tal “fila da adoção”, já sabíamos do que se tratava o processo e sempre achamos ato de muita nobreza e bondade, mas também até aquela época nunca havíamos pensado em tentar.

Começamos a debater sobre o tema, a esposa dele (Luiz) disse que já sabia que não podia conceber um filho de formas biologicamente autônomas, pois tinha um problema semelhante ao meu. Pensei “Que coincidência!”, contei então que comigo ocorreu a mesma coisa, só que em meu caso fui descobrir tal anomalia na hora que também descobri o desgosto de perder a criança que iria nascer. E toda vez que nos encontrávamos, Eu e Carlos, Luiz e sua esposa, conversávamos longamente sobre o tema, comecei então a sentir apelo em tentar a adoção, em certos momentos, via-me receosa, pelas experiências passadas. Ao final do ano, Luiz então me disse que conseguiu duas crianças adotivas. Esse foi o estopim para eu e Carlos darmos o ponta-pé inicial em nossa caminhada na adoção de uma criança.

Entramos na tal “fila”, estávamos esperançosos, podia se demorar o tempo que for, não importávamos com o tamanho dela, desde que desse certo! Meses depois, Carlos e eu, recebemos a notícia que nosso perfil estava apto para continuar no processo, alegramo-nos intensamente! Questionados sobre como seria nosso desejo em termos de porte físico de nosso futuro filho, dissemos que tal aspecto era irrelevante, só queríamos ser pais! Meados de 2001, Luiz me liga e diz que adotou mais uma criança, conto que meu perfil foi aprovado e que estou no processo, busquei a ajuda de um amigo advogado para me auxiliar em caso de dúvida/necessidade.

Setembro, recebo a notícia que havia uma criança recém-nascida para adoção, mais outras três, todas da mesma mãe, que disse que não dispunha de condições sócio-financeiras estáveis para o bem-estar de toda sua cria, mas que não ia de forma alguma, abandonar seus filhos. Aceitei ficar com um. Incomensurável alegria consumiu a mim e Carlos e nossas famílias, engraçado que a única dúvida que restava era qual o nome do menino? Várias sugestões chegavam e passavam por criterioso crivo, até que pensamos bem e decidimos colocar, Pedro (em homenagem ao santo da igreja em que eu e meu marido nos casamos).

Pedro, nasceu no dia 23, mas teve que ficar na estufa, entubado por nove dias, minha mãe, Margarida, Eu e Carlos naquela ansiedade de ver o mais novo membro da família…! 2 de outubro, nove dias depois, Pedro é liberado da maternidade! Minha cunhada, Niva foi comigo e com minha mãe buscá-lo num Gol vermelho (Pedro adora carros, talvez um dos fatores de sustância para extremo gosto seja esse, mal saiu da maternidade e já andou de carro). Carlos estava trabalhando, mas ao chegar em casa, emocionou-se ao ver o (agora) nosso filho, abraçamo-nos e a alegre emoção foi mútua, depois de tanto tentar, conseguimos ser pais! Outra coisa engraçada que ocorreu, Carlos conta isso pro Pedro sempre, e ele “morre”de rir, mesmo depois de termos participado de tantos núcleos e eventos e longas conversas com a pediatra de nosso filho, Dra. Marisa, Carlos ainda estava um pouco com medo de pegá-lo no colo, não por desmotivação ou não querência, mas como todo pai, suponho, teve um pouco de receio de pegar Pedro de forma errada, ensinei-o novamente e assim ele pegou-o nos braços, foi lindo!

Carlos e Eu sabemos que passamos por muitos desafios até chegar aonde estamos hoje, até porque fui mãe aos 43 anos, o que não é fácil, ele foi pai aos 50, o que também é difícil. Recentemente fui assistir à uma palestra da  escritora e blogueira, Cris Guerra com Pedro, justamente sobre as mães, baseio-me em uma frase dita por ela, Carlos também há de concordar comigo. (sei que não pude gerar o Pedro biologicamente), mas de certa forma ele nos gerou (sim, a mim e ao Carlos), podemos dizer convictos de que sem ele não teríamos tido coragem e ânimo para ascender.

Eu e meu marido tiramos carteira de motorista assim que ficamos cientes que seríamos pais, eu terminei minha pós-graduação, compramos um carro e um apartamento. Até hoje aprendemos muito com ele, e ele conosco, mas ele é quem mais nos ensina a sermos felizes, esse depoimento por exemplo, foi revisado por ele, sou professora de matérias exatas, escrever não é muito meu ponto forte, ele é o contrário disso, adora escrever! Mesmo com certas divergências, somos felizes com essa troca de experiências!

Ele sempre teve curiosidade de saber sobre suas origens biológicas,mas não tem pressa para isso, Carlos e Eu, sempre falamos de sua adoção para ele com extrema naturalidade, disse que aos 18 anos (ano que vem, aliás) ele terá acesso à uma carta escrita pela mãe biológica com mais detalhes sobre a época maravilhosa que antecedeu sua chegada. Mas melhor ainda é o presente que Deus nos deu e o presente que passamos todos os dias com ele!”

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